terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cachorro - quente...

Ontem encontrei uma amiga minha, não uma amiga íntima, apenas uma dessas amigas que a gente encontra de vez enquando. Num encontro não muito casual.
Ela me convidou para comermos um desses cachorros - quentes que são vendidos em carros. Pedimos um tradicional, enquanto esperávamos se instalou um silêncio insuportavél, eu não era nem atingido pelo barulho dos poucos carros que passavam por ali. Poucos carros, afinal a rua estava interditada até certo ponto. Nossos cachorros - quentes chegaram, dei minha primeira mordida, quando ao levantar a cabeça encontro os olhos dela. Olhos verdes, profundos, intensos. Sempre tive medo de olhar nos olhos dela, de encara la parecia que ela conseguia ver a alma. Foram instantes de encontro, quando desviei o olhar ela disse:
- Manda a merda. Manda a merda entendeu?
- Do que você está falando?
- Manda a merda aquilo que te incomoda, porque sei que esse incomodo é quase que como um câncer que te suga.
- Como que você sabe que to me incomodando nem te falei nada.
- Não precisa falar, eu vi e senti pelos teus olhos.
Mais uma vez um silêncio insuportavél e junto com ele um incomodo fora do comum. Fiquei na dúvida se deveria tocar no assunto com ela, afinal a gente mal se conhece, não tenho tal intimidade ora expor para ela coisas tão íntimas. Foda-se, vou contar. Quando abri a boca para falar, ela disse:
- Não quero saber de nada. Você não precisa expor para mim e nem para o mundo o que você está passando. Você não deve satisfação do que sente ou do que você é ou deixa de ser para ninguém, somente você sabe o que tem dentro de você na sua essência.
Quando ela me falou isso, me recolhi aos meu pensamentos incertos e nebulosos e continuei a comer. Até o fim do cachorro - quente nenhuma palavra foi dita.
O silêncio já bastava.

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